quarta-feira, agosto 20, 2008

Sobre boas intenções


"Que bom! Que deu esse retorno. Na verdade
é que não tenho computador em casa, então
fica dificil escrever e analisar. Mas 
valeu. Não pretendo ser escritor não, 
gosto de fazer impressões mesmo. ps: 
não gostei dessa frase "de boas intenções
o inferno está cheio", não entendi." 
(Resposta do autor de uma resenha crítica sobre meus comentários
a ela)


De forma alguma eu esperava que você fosse gostar do
que diz essa frase. Aprendi muito quando passei a dar
atenção ao que ela ensina. Foi por essa razão que incluí
esse comentário. Porque percebi tua boa intenção.
Mas só boa intenção não basta para se fazer algo
significativo. É como o chavão nas críticas de teatro,
cinema, esportes, ou dos "amigos", etc, que vemos por
aí: "Ah... ele não conseguiu, mas, pelo menos, se
esforçou". Esse comodismo no esforço leva muitos a
contentar-se com a facilidade do reconhecimento pelo
esforço em si, já que sabemos, de antemão, que ele
será, inevitavelmente, enaltecido e recompensado.
Acabamos nos esquecendo da grandeza da obra e nos
contentamos em ser reconhecidos pela "grandeza da
tentativa" do AUTOR! Não da obra. É um egoísmo feio.
Um orgulho e uma vaidade que se impõe acima do que
está sendo feito ou criado. Não serve se o que
queremos é realmente criar grandes obras. Serve para
ser "reconhecido", para receber elogios e prêmios e
reconhecimento e fama e dinheiro etc. Não serve para
a arte, para a crítica, para o pensamento. Pense muito
bem nisso.



quarta-feira, abril 30, 2008

Decifra-me ou te devoro

De todas as críticas publicadas sobre o espetáculo Senhora dos Afogados a que mais me faz pensar sobre a encenação, a que descobriu vielas escondidas nas sombras do palco, desvendou becos não mapeados no universo das cenas, passagens do inconsciente, a que pensou com maior independência e originalidade o que está no palco do Teatro Anchieta foi a escrita por Mariângela Alves de Lima, no jornal O Estado de S. Paulo. Está reproduzida entre outras críticas compiladas na comunidade "O teatro vivo de Antunes Filho", no Orkut. Talvez ela tenha indicado o caminho para se chegar a uma compreensão racional mínima do que há de original nesta montagem. É a poesia rodrigueana o eixo de força desta montagem. Seria preciso uma teoria teatral à altura da nossa melhor teoria literária para que se pudesse analisar com o devido cuidado esta obra de Antunes Filho. Não creio que a tenhamos ainda.